Há tempos observamos as intempéries do tempo, os fenômenos naturais com suas forças poderosas e seus espetáculos em figurinos de cataclismos, calmarias, tormentas, etc. Essas sempre foram as ferramentas de Deus compondo suas sinfonias, suas esculturas, suas telas, suas coreografias, seus edifícios e seus atores, bem antes o aparecimento do homem no planeta Terra.
GALERIA DE ARTE não é um produto da nossa imaginação e jamais um delírio hipotético tampouco conjecturas, pois, as evidências estão á nossa frente, que nem é preciso ter olhos para ver. O mundo é uma galeria de arte moderníssima a céu aberto, que a cada instante nos presenteia com uma obra genuinamente natural.
Quando vimos estes troncos de árvores, galhos, gravetos, bambus, raízes secas, folhas, tábuas, animais mortos, sacos de lixo, encalhados nas colunas de sustentação da ponte de concreto que dá acesso à praça de esportes, não os vimos como entulho ou coisa parecida, e sim, uma escultura abstrata minuciosamente confeccionada pelas enchentes no Rio Sabará e Rio das Velhas, justamente onde ambos se encontram. Estava bem debaixo dos nossos narizes um espetáculo plástico por
excelência.
Confesso que fomos redundantes ao pintarmos os troncos, etc, isto é, evidenciamos o óbvio, porém, foi a nossa intenção para que os transeuntes pudessem ver em cores, aquilo que somente eu e o Caio estávamos vendo. Então, estava explícito ali a tradução do nosso pensar artístico materializado GALERIA DE ARTE.
A partir daí somamos os nossos esforços e abraçamos esta causa nobre para mostrar o que a mãe natureza nos dá de graça ou nos empresta. Foram duas semanas de execução, após definirmos as cores e os troncos a serem pintados. Foram usadas a tinta látex e esmalte sintético em spray.
A ordem era somente pintar e não acrescentar coisa alguma, muito menos retirar quaisquer galhos de se seus lugares, pois, comprometeria todo nosso processo de intervenção.
Sabemos que a força das águas arrastam tudo que encontram pela frente, entretanto, tudo se torna leve e facilmente tragados pela correnteza. Assistimos as coisas boiando no leito dos rios, vimos a comunhão e a intimidade das matérias nadando, dançando, parecendo festejar num cruzeiro fluvial de águas barrentas e velozes. É a mais pura e divina sintonia jamais vista rio abaixo.
Portanto, todas essas coisas trazidas pelas enchentes é a tradução e a revelação de todo nosso mal trato à natureza, raio x da nossa indiferença, ignorância, ganância e estupidez. Sempre quando chove torrencialmente, os rios se incumbem em denunciar as depredações e as agressões ao meio ambiente, como quem suplica, como quem chora numa tortura, como quem agoniza e pede socorro numa distanásia.
Agradecemos o jornal FOLHA DE SABARÁ pela publicação do nosso projeto GALERIA DE ARTE - 12/04/2017 - Edição 939 - Página 14 - Ano 28
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