segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Obra: O Fantasma da Baronesa de Sabará - Autor: Sérgio Pacheco - Técnica: Esmalte sintético, tinta acrílica, betume, e cola PVA sobre papelão - Dimensões: 40 x 35 - Ano: 2017 - Sabará, MG

Vivemos no planeta das artes, nas formas e cores, nas texturas e temperaturas. O mundo das formas palpáveis, ponderáveis, tangíveis, enfim, um universo do realismo à abstração.
A nossa vida física nos limita a acreditar somente nas coisas feitas em quaisquer matérias, isto é, em tudo aquilo que possa ser visto e tocado. Quando duvidamos de alguma forma, costumamos identificá-la comparando com uma outra forma parecida, simplesmente pelas características que ela nos apresenta. No entanto, olhamos para o céu azul com suas nuvens e vemos formas que nos lembram animais, rostos e objetos, os quais a nossa cultura nos permite identificá-las. Olhamos as paredes manchadas pelas infiltrações, nelas conseguimos identifica algumas figuras fantasmagóricas, outras quase abstratas. Observamos também nas pátinas e nas oxidações em metais as imagens com narrativas, e ferrugens que são sugestões impressionantes de paisagens ou objetos. Algumas montanhas em forma de silhueta ou perfil, pedras lapidadas e naturalmente facetadas, algumas em forma de crânio, ovais ou perfeitamente esféricas. São as intermináveis pareidolias que a natureza nos dá de graça um esboço legível, para que os transformamos em arte final. Em minha vivência em artes plásticas, são incontáveis os palpites que me chegam, seja através de um borrifamento aleatório, seja na limpeza de um pincel, seja num derramamento de tinta sobre qualquer suporte ou no ato  de uma remoção de uma pintura. A impressão é de que estamos viciados em procurar as formas onde quer que ela esteja, como se não bastasse àquelas que também podemos criar ou imaginar. Mesmo que não possamos ver, a forma nos é imperativa no mundo dos encarnados. Acredito que a abstração, o tachismo, o expressionismo abstrato, o cubismo ou até mesmo o surrealismo tenham se aproveitado destes sinais, como senhas e ponto de partida para suas realizações. Mesmo que não existisse o homem, a natureza per si incumbiria em exibir o belo em sua arte. Tudo isso prova que a arte plasmada antecipou a qualquer pensamento ou forma, coisa que somente Deus nos explicaria melhor, das pequenas manchas figurativas às gigantescas esculturas sobre humanas.







  Observe que as manchas de tinta foram encontradas em lugares distintos, em seguida recortadas e encaixadas como um quebra-cabeça, sugestionando uma pintura monocromática de uma figura feminina.