Já em "Era uma vez os desconectados"procurei enfatizar a nossa tropicalidade, nosso clima musical e dançante. Há presença da intimidade, da liberdade, da amizade, do lúdico e da poesia. Um lugar, onde as pessoas parecem estar num eterno festejar e num regozijo palpável.
Aqui, as pessoas são sugeridas com as linhas de contorno, as quais também insinuam sombras chapadas que compõem as cabeças, tronco e membros. As cores quentes e frias dão às figuras um equilíbrio policromático auxiliando na simetria e no movimento das mesmas que parecem entrar e sair da tela. Os exageros quanto ao tamanho das pernas e dos braços, são representações caricaturais, que mais incomodam os espectadores. Cenário concluído com um céu indefinido por uma tinta bastante diluída. Nele, as pessoas estão num frenético movimento de ir e vir. Observe que os personagens estão desconectados virtualmente, mas naturalmente conectados. Enfim, essa tela satiriza a modernidade e a sua consequente tecnologia, onde a comunicação ininterrupta nos tolhe e enclausura em meio as multidões. "Era uma vez os desconectados" tem um frescor saudosista, uma ingenuidade visível num ambiente sem paisagem que nos transcende o nascer do século XX.
A tela foi estirada e preparada por mim sobre bastidor confeccionado em sucupira, devidamente colado, encaixado e pregado.
"Era uma vez os desconectados" foi pintado durante as apresentações das músicas instrumentais autorais de vários músicos oriundos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. 3º Real Instrumental promovido pelo Coletivo Fórceps e Prefeitura Municipal. Este evento aconteceu numa tarde de outono com cara de verão na histórica cidade Sabará, Minas Gerais. Este quadro pertence à Secretaria Municipal de Turismo de Sabará, MG.