Em 1998, eu fazia parte de uma equipe de restauradores da pintura trompe l'oeil existente no hall de entrada da antiga Secretaria da Fazenda, situada no entorno da Praça da Liberdade. Então me veio a inspiração em contestar sobre centenas de obras como essa, que foi degradada, corrompida debaixo de repinturas, ignorando e anulando todo um registro do melhor que já existiu em pintura parietal nos primeiros anos da criação da capital mineira. Esta foi a minha maneira de homenageá-la, onde mostro a minha indignação quanto a perda do seu patrimônio artístico, por capricho ou ignorância. Nesses 100 anos muita arte foi feita, porém, muitas também sucumbiram em tão puco tempo.
A minha contestação limitou-se em exaltar o belo projeto de jardinagem da Praça da Liberdade, suas flores, árvores e arbustos, alameda com palmeiras imperiais, as réplicas das esculturas neo-clássicas, suas aves, transeuntes, pássaros, e aquele lugar que transcende tranquilidade e muita paz.
Traduzi as cores da praça, numa paleta e numa leitura que aproximasse ao entendimento de todos. Para realizar esse evento, pedi autorização à empresa MBR, responsável pela manutenção da praça. Ao meio dia, justamente o horário do meu almoço. Depois de almoçar às pressas, eu disponibilizava de alguns magros minutos para a realização do atelier ao ar livre na praça.
Eu disponibilizava de alguns cavaletes, pincéis e tinta, para quem quisesse interagir, compartilhar pintando comigo. A imprensa local registrou este projeto, que teve a duração de aproximadamente um mês.